Artigo: Por que precisamos falar sobre ciclismo feminino?

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Artigo: Por que precisamos falar sobre ciclismo feminino?

Por Luciana Dombkowitsch, advogada, professora, ciclista e pesquisadora de teorias feministas e de gênero.


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Por Artigo
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Por que precisamos falar sobre ciclismo feminino?[1]

O ciclismo tem se mostrado uma atividade esportiva e de mobilidade urbana em grande expansão, seja em grandes ou em pequenas cidades do interior como Rio Grande. A diversidade está presente nos diferentes usos como para saúde, esporte, mobilidade, trabalho, lazer, compras, etc., assim como também nos diferentes modelos de bicicletas existentes no mercado: urbana, speed, fixa, elétrica, cargueira, triciclo, etc.

Diante de tamanha diversidade, porque não pensar na distinção aplicada às pessoas em razão das suas diferenças de gênero. Homens e mulheres ocupam ruas, estradas e trilhas, pilotando suas bicicletas, dos mais diversos modelos, utilidades e valores, no entanto, quando pensamos no ciclismo feminino de alto rendimento, diferenças entre homens e mulheres se intensificam.

Segundo dados do Ministério do Trabalho, entre julho de 2020 e junho de 2021, as mulheres representaram apenas 20,4% das contratações para cargos de atleta de ciclismo profissional. O percentual de mulheres no ciclismo profissional é proporcional à falta de patrocínio e consequentemente, da invisibilidade deste segmento esportivo nos principais canais esportivos.

A falta de visibilidade contribui para que ocorra uma inferiorização do ciclismo feminino profissional. Tal realidade, infelizmente, não se limita ao ciclismo profissional, sendo notória a baixa participação de mulheres em eventos de ciclismo amador ou de autossuficiência.

O ciclismo se constitui em uma modalidade esportiva bastante versátil e até mesmo democrática. Engloba desde provas de competição envolvendo velocidade, quanto provas de desafio pessoal ou de autossuficiência. Alguns amam uma mountain bike e de muito barro em trilhas eletrizantes, outros e outas, adoram muita velocidade e circulam por ruas e estradas em suas speeds. Há ainda quem goste de longas distâncias, onde o grande desafio é a autossuficiência.

Rio Grande é reconhecida pelo grande número de ciclistas, na sua maioria amadores, amantes de suas bikes, no entanto, ainda se observa a pouca participação de mulheres em eventos, sejam locais, nacionais ou até mesmo internacionais. Os campeonatos citadinos são históricos, acontecendo há muitos anos. O amor ao ciclismo, possibilitou a existência no velódromo na Praça Saraiva. Tenho observado que a participação feminina nos campeonatos citadinos de Rio Grande, possui baixa participação feminina e isso, não é proporcional ao montão de mulheres que pedalam na nossa cidade.

No ano de 2019, cinco ciclistas rio-grandinos, cumpriram os requisitos e participaram de um evento internacional de ciclismo de longa distância, chamado PARIS BREST PARIS. O evento percorre 1.200 km e acontece de quatro em quatro anos, com uma participação, em média, de 5.000 ciclistas de todas as partes do mundo. O evento é organizado pelo Clube Audax Parisiense. Além dos ciclistas rio-grandinos, participaram outros nove ciclistas, da região de Bagé e de Pelotas (Clube Audax Bagé). Dos 14 ciclistas da região sul, apenas três bravas mulheres.

Os participantes precisam homologar uma série completa de provas organizadas por um dos clubes credenciados pelo Clube Audax parisiense. A série consiste em quatro provas, de 200km (em 13h30min), de 300km (em 20h), de 400km (em 27h) e de 600km (em 75h). Rio Grande possui, desde meados de 2020, um clube (Audax Extremo sul). Em 06 de dezembro passado, realizou sua prova de inauguração, um BRM de 200km, a qual contou com 3 mulheres, ou seja, em torno de 10% do total de participantes.

No dia 11/09/2021, em todo o mundo, acontecerá um BRM de 200km, em comemoração ao centenário do 1º BRM (Brevet Randonneus Mondiaux) de 200km. O Clube Audax Extremo Sul de Rio Grande está organizando um grande evento, no entanto, menos de 10% dos inscritos são mulheres. Precisamos romper barreiras, e ocupar todos os espaços, já que as mulheres podem tudo, e devem estar em todos os lugares que quiserem. Ainda restam algumas vagas, com direito a medalha do centenário.

 

 

 



[1] Luciana Dombkowitsch, advogada, professora, ciclista e pesquisadora de teorias feministas e de gênero.

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